sábado, 17 de julho de 2010

QUANDO OCORRERAM OS EVENTOS NARRADOS NO ANTIGO TESTAMENTO

Capítulo 3 - Quando Ocorreram os Eventos Narrados no Antigo Testamento?
Publicado em 2/27/2008
Alexandros Meimaridis - petrakis_adm@yahoo.com.br
JesusSite
I. Quais os Acontecimentos descritos pelo Antigo Testamento? - ver no final deste trabalho a tabela contendo os: Períodos Arqueológicos da História do Antigo Oriente Próximo.

Todos os eventos narrados no Novo Testamento ocorrem em apenas um século. O mesmo não aconteceu com a história narrada no Antigo Testamento. A história bíblica do Antigo Testamento, desde que se torne possível identificar um período histórico, mesmo que seja de maneira aproximada, estende-se durante quase dois milênios. Durante este longo período de tempo, a nação israelita manteve contato com inúmeros povos e com muitas nações diferentes. Entre estes povos, o Antigo Testamento menciona com freqüência: assírios, babilônios, egípcios, arameus e muitos outros povos importantes. É nosso interesse neste capítulo situarmos, historicamente falando, quando ocorreram os eventos narrados no Antigo Testamento em relação ao todo da História da Humanidade.

Conforme mencionamos acima, a primeira data aproximada que pode ser estabelecida com relativa certeza acerca das narrativas contidas no Antigo testamento diz respeito aos patriarcas da nação de Israel. E será exatamente com eles que iremos iniciar. Os primeiros 11 capítulos do Livro do Gênesis serão analisados mais adiante em um outro capítulo.

A. Os Patriarcas da Nação de Israel.

As datas que iremos mencionar doravante são todas aproximadas, pois os historiadores não possuem provas suficientes, até o momento, que permitam determinar as datas exatas dos acontecimentos que iremos discutir aqui. Devido às grandes dificuldades enfrentadas pelos historiadores e arqueólogos que tornam impossível traçar uma cronologia mais definida, eles acabaram por dividir os milênios, antes da era cristã, em períodos, baseados na "tecnologia" disponível em cada época. A divisão consolidada hoje em dia segue o seguinte cronograma:
  • Idades da pedra:
    • Paleolítico: Período pré-histórico que principia no final do plistoceno, com o aparecimento dos mais antigos fósseis humanos, e se caracteriza pela presença de artefatos de osso e/ou de pedra fragmentada ou lascada, datando do final deste período notáveis desenhos e pinturas rupestres; divide-se este período em 3 fases: inferior, médio e superior, conforme os graus de complexidade dos artefatos. Este período é também chamado de período da pedra lascada ou idade da pedra lascada.
    • Mesolítico: Período pré-histórico intermediário, com características culturais próprias do paleolítico e do neolítico, ocorrido no final do plistoceno, após as últimas glaciações.
    • Neolítico: Período do holoceno em que os vestígios culturais do homem pré-histórico se caracterizam pela presença de artefatos de pedra polida - ainda não era utilizado o bronze - e pelo aparecimento da agricultura; período da pedra polida; idade da pedra polida.
    • Calcolítico: período de transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze.
  • Idade do Bronze.
  • Idade do Ferro.
Os termos acima, especialmente "Idade do Bronze" e "Idade do Ferro", são utilizados pelos arqueólogos de forma bastante ampla. A utilização destes termos e, especialmente, a fixação de datas, não indicam que as mudanças de pedra para bronze e do bronze para ferro foram súbitas, ou que apenas o bronze era usado na Idade do Bronze e que só o ferro era usado na Idade do Ferro. De qualquer maneira e, em termos gerais, as datas são fixadas como seguem:
  • 3300 a.C. é a data fixada pelos arqueólogos para o período aproximado em que o conhecimento do uso do bronze espalhou-se pelo antigo Oriente Próximo.
  • 1200 a.C. corresponde à data aproximada em que os povos do antigo Oriente Próximo descobriram os maiores benefícios do uso do ferro.
Os períodos acima são, por sua vez, divididos da seguinte maneira:

1. O período que vai entre 3300 a 2000 a.C. é conhecido como Antiga Idade do Bronze. Durante este período temos a invenção da escrita com o conseqüente início dos registros da História da Humanidade. Os sumérios, os inventores da escrita, começaram a usar extensivamente a escrita cuneiforme na mesopotâmia. Conforme vimos no capítulo 2, os egípcios já utilizavam os hieróglifos - escrita sagrada - desde aos dias do período que cobre o Antigo Império.

Politicamente falando, na região da Síria-Palestina, as cidades-estado começaram a crescer e, com elas, as necessidades de comunicação, viagens e comércio tornaram-se cada vez maiores. Na Mesopotâmia, durante este período, uma série de cidades-estado mais fortes tinham ganhado dominância durante os períodos das antigas dinastias sumerianas. Mais para o final da Antiga Idade do Bronze, o primeiro império semítico assumiu o pleno controle de toda a região sul da Mesopotâmia, tendo como base a cidade de Acade - datas aproximadas estão fixadas entre 2334 - 2193 a.C. No Egito, além da utilização da escrita, o período que estamos chamando de Antiga Idade do Bronze, viu o florescimento do período do Antigo Império egípcio, que foi a era das grandes pirâmides e marcou o apogeu da cultura egípcia. De forma marcante, ao nos aproximarmos do encerramento da Antiga Idade do Bronze, todas as principais características da civilização e da cultura humanas estavam presentes tanto no Egito quanto na Mesopotâmia.

2. É impossível determinar com precisão as datas entre as quais viveram os patriarcas da nação de Israel - Abraão, Isaque e Jacó. Todavia existe um consenso entre os historiadores de que as mesmas podem ser localizadas, de maneira mais ampla, durante a Média Idade do Bronze - entre 2000 - 1500 a.C. De acordo com o professor John Bright, em sua obra "História de Israel", estes quinhentos anos foram um período da história do antigo Oriente Próximo que foi marcado pelo movimento de grupos étnicos e novos impérios tomando o lugar de antigos poderes do início da Idade do Bronze. Na Mesopotâmia, por exemplo, depois de uma breve renascença da cultura sumeriana - durante a Dinastia de Ur III - entre 2112 - 2004 a.C. - a nação passou a ser controlada por um novo grupo semítico, os amoritas. Este povo dominou a Mesopotâmia logo no começo da Média Idade do Bronze, a partir de várias cidades-estado fortes em um delicado equilíbrio de poder. De repente, um único individuo da cidade da Babilônia, conseguiu consolidar sua força e estabelecer um império por toda a Mesopotâmia. Este indivíduo chamava-se Hamurabi e ele chegou ao poder em 1792 a.C. Hamurabi estabeleceu o antigo império da babilônia, que durou quase 200 anos, até 1595 a.C. Hamurabi gravou seu nome na história através de um código de leis - Código de Hamurabi. Existem certas semelhanças entre algumas leis do Código de Hamurabi e aquelas que encontramos no conjunto de leis registradas no Pentateuco.

Enquanto isto, na outra extremidade do Crescente Fértil, no Egito, depois de um período de escuridão e confusão chamado de primeiro período intermediário - entre 2200 - 2000 a.C., o país voltou a florescer durante o período do chamado Médio Império - entre 2000 - 1700 a.C.

As características marcantes do Médio Império egípcio foram um abundante tempo de paz e muita estabilidade. Durante esta época o Egito manteve um intenso intercâmbio com a região do Levante - a região costeira da Palestina - resultando na aquisição de considerável riqueza. Como havia acontecido antes com a Mesopotâmia, mais próximo ao fim da Média Idade de Bronze, o Egito também sucumbiu ao domínio de grupos semitas. Os egípcios acabaram perdendo o controle de sua nação quando os hicsos[1], povo semita provavelmente vindo da Síria-Palestina, assumiu o controle do Delta ao norte do país. Não se sabe se os hicsos invadiram a região e tomaram o poder ou se eles já vinham aumentando sua força gradualmente. Os Hicsos governaram o Egito por aproximadamente 150 anos durante o que foi chamado de segundo período intermediário - entre 1700 - 1540 a.C. Esta foi a primeira vez na história do Egito em que o país foi conquistado e dominado por estrangeiros.

Abrão viveu, provavelmente, durante este tempo de grandes deslocamentos. Ele mesmo foi um indivíduo que saiu de Ur dos Caldeus para Harã e de lá para a terra de Canaã. Abrão não foi o único a tentar se estabelecer em Canaã. Vários outros grupos e tribos de origem semita estavam também tentando o mesmo. Existem registros arqueológicos de que durante o terceiro milênio - 3000 - 2000 a.C. - os chamados cananitas já estivessem fundando cidades-estado nas planícies costeiras e nos vales da terra de Canaã. É bastante possível que a maioria destes povos tivessem a mesma origem amorita que aqueles que haviam se estabelecido na Mesopotâmia.

A família de Abrão saiu de Ur dos caldeus ao sul da Mesopotâmia, ainda liderados pelo pai deste e que se chamava Terá. A princípio a família se estabeleceu em uma localidade próxima do rio Eufrates, chamada Harã, que ficava na região noroeste da Mesopotâmia. O pai de Abrão faleceu em Harã e Abrão - cujo nome foi mais tarde mudado para Abraão - foi chamado por Deus a viajar, pela fé, para terras desconhecidas - ver Hebreus 11:8.

Já em Canaã, Deus apareceu várias vezes a Abraão. Nestas teofanias, Deus fez uma aliança com ele e prometeu dar-lhe um grande número de descendentes bem como a terra de Canaã por herança. Para um amorita migrante entre tantos outros, estas promessas tinham um caráter único. De fato Deus prometeu abençoar a todas as famílias da terra através da descendência de Abrão. De acordo com a promessa de Deus e, depois de muitos anos e de maneira miraculosa, Abraão e sua esposa Sara tiveram um filho deles mesmos, independente do fato de que ela estava com noventa anos de idade e Abraão com cem anos. A promessa acerca deste filho foi até ao detalhe do nome com o qual o mesmo deveria ser chamado: Isaque - ver Gênesis 17:19 e 18:14.

Isaque casou com uma de suas primas, Rebeca, e com ela teve filhos gêmeos - Esaú e Jacó. Esaú era o primogênito, mas coube a Jacó tornar-se o filho das promessas patriarcais. Jacó teve o nome mudado para Israel. Ele teve doze filhos de quatro mulheres diferentes - duas esposas e duas concubinas. O filho favorito de Jacó era José que era o filho primogênito de Raquel a quem Jacó amava profundamente. José, por causa da inveja e dos ciúmes que levantava nos irmãos, foi traído por estes e vendido como escravo. Os homens que o compraram o levaram para o Egito. Uma vez no Egito, José foi abençoado por Deus e, de forma miraculosa, chegou a um alto cargo político naquela terra estrangeira. José assumiu uma autoridade tão grande no Egito que somente o Faraó, quando estivesse sentado no seu trono, seria superior a ele - ver Gênesis 41:40. Durante diversos períodos de seca, os filhos de Israel viajaram para o Egito à procura de comida para a família que haviam deixado em Canaã. Em uma destas viagens foram amorosamente confrontados pelo irmão que haviam traído. Eles estavam realmente com medo, mas José tinha somente palavra de paz para eles - ver Gênesis 44:1 - 5. José providenciou comida para eles e os salvou. Atendendo ao chamado de José, Israel e todos os seus filhos se mudaram de Canaã para Gósen, na região nordeste do Delta do Egito.

Não é possível datar esses acontecimentos com precisão, mas de modo geral podemos dizer que ocorreram em alguma época durante a Média Idade do Bronze - entre 2000 - 1550 a.C. É possível que parte da história dos patriarcas seja coincidente com o período do domínio dos hicsos sobre o Egito - entre 1700 - 1550 a.C. Alguns especulam que o faraó dos dias de José era realmente um soberano hicso. Assim o "novo rei" mencionado em Êxodo 1:8 seria um soberano egípcio que teria subido ao trono após a expulsão dos Hicsos. É bastante provável que expressão "novo rei" refere-se a um rei de outra dinastia. Se os judeus estivesse mesmo associados aos hicsos isto ajudaria a explicar a maneira brutal com que foram tratados durante os vários séculos seguintes. Os egípcios usaram e abusaram dos judeus durante este tempo. Eles foram obrigados a construir cidades para o faraó e a sustentar a economia com o trabalho escravo.

B. Nasce uma Nação - ver Deuteronômio 4:32 -34.

O período que vai de 1550 a 1200 a.C., é chamado pelos arqueólogos de Nova Idade de Bronze. Este período foi caracterizado por um tempo de comércio internacional intenso e de equilíbrio entre as potências mundiais. Os egípcios conseguiram dar um fim à dominação dos hicsos e entraram naquele que foi seu período de maior força política e que ficou conhecido como o Novo Império - dinastias 18 a 20, de 1550 - 1100 a.C. Este fato torna ainda mais impressionante e significativa a libertação do povo judeu do jugo egípcio, independente da data em que êxodo teria acontecido, já que as duas prováveis datas - século 15 ou século 13 a.C. - encontram-se dentro do período do Novo Império do Egito.

Durante a Nova Idade de Bronze o Egito gozou de hegemonia enquanto a Mesopotâmia passou por um tempo de fraqueza política. Após a queda do Antigo Império Babilônico de Hamurabi, o sul da Mesopotâmia foi invadido e passou a ser controlado por um grupo de estrangeiros originários das Montanhas Zagros[2] : os cassitas. A dinastia cassita reinou por um período que durou mais de trezentos anos e trouxe paz e estabilidade à Babilônia, porém não trouxe superioridade militar. Os cassitas preferiam fazer uso de tratados de paz e outros meios não-militares de diplomacia para defender suas fronteiras. Eles adotaram muitos elementos tradicionais da cultura babilônica, inclusive o idioma babilônico acádio o qual, durante esse período, tornou-se a língua franca daquela época. Os cassitas elevaram todo o sul da Mesopotâmia a um novo nível de prestígio internacional.

Uma das primeiras iniciativas dos poderosos soberanos egípcios do Novo Império foi tentar controlar as áreas costeiras da Síria-Palestina, a estrada costeira para a Fenícia - a Via Maris - e a Núbia, ao sul. Uma vez estabelecidos tais controles, os egípcios passaram a dominar o intercambio mercantil com o Mar Egeu e com o resto da Ásia ocidental. Este domínio possibilitou o Egito alcançar incríveis níveis de prosperidade e riqueza. No ápice desse império, Amenotep IV, da décima oitava dinastia, tornou-se faraó em 1353 a.C. Em ato realmente surpreendente Amenotep IV mudou seu nome para Akenaton e tentou implantar uma espécie de monoteísmo em uma terra acostumada a adorar centenas de Deuses. Além disso, ele mudou a capital do seu reino para trezentos quilômetros ao norte de Tebas, para a moderna Tel El Amarna em 1348 a.C. Durante um período de aproximadamente dez anos, Akenaton elevou de forma seguida, a imagem do deus-sol, Aton, à posição de divindade suprema, e quase conseguiu implantar o monoteísmo religioso. Após a morte de Akenaton a corte retornou para a cidade de Tebas e a cidade de Tel El Amarna foi abandonada. Todavia, centenas de placas de barro escritas em babilônico foram encontradas em duas expedições arqueológicas em 1890 e 1970 - as chamadas cartas de Amarna. O conteúdo destas cartas revelou que as mesmas haviam sido escritas por reis-vassalos na Síria-Palestina e governantes da Anatólia e Mesopotâmia e as mesmas refletem a situação política que existia em suas regiões durante a metade do século 14 a.C. Ao fim do reinado de Akenaton o Egito começou a perder seu poderio internacional sobre o oeste da Ásia. Muitas cidades da Síria-Palestina assumiram sua independência em parte por causa da negligência dos egípcios e em parte porque estes já não tinham o poderio militar de antes.

No extremo norte do Crescente Fértil, na região conhecida por Anatólia, o Império Hitita havia se expandido para o leste e obtido o controle de toda a Ásia Menor ocidental bem como do norte da Síria. Durante mais de 100 anos, os hititas mantiveram graças à uma forte liderança real, o controle da Síria, tendo expandido seu domínio quase até Damasco. Entre os anos de 1344 - 1239 a.C., os reis hititas lutaram contra os faraós da décima nona dinastia do Egito, com os quais acabaram chegando a um verdadeiro impasse, concernente ao poder, na metade do século 13. Próximo do final da Nova Idade do Bronze - por volta de 1200 a.C. - o faraó Ramsés II e o rei hitita Hattushili III concordaram em fazer um acordo de paz visando dar fim às hostilidades entre as duas nações.

É provável que o menino Moisés tenha nascido entre os descendentes da tribo de Levi durante a Nova Idade do Bronze. Naqueles dias o povo de Israel estava sofrendo sob o pesado jugo da escravidão no Egito. Nos dias em que Moisés nasceu, o faraó estava tentando controlar o rápido crescimento da população israelita mandando matar a todos os meninos israelitas recém-nascidos. Da mesma maneira como havia acontecido com o nascimento de Isaque e com a ascensão de José no Egito, o menino Moisés foi miraculosamente salvo pela própria filha do faraó e cresceu na corte real egípcia, como filho da filha do faraó. No Egito Moisés cresceu com direito a receber uma educação que refletia o apogeu da cultura egípcia - ver Atos 7:22.

No tempo determinado por Deus, Moisés foi chamado para liderar o povo de Israel e libertá-lo da escravidão do Egito. Os egípcios acreditavam que o faraó, que era considerado um deus, controlava a ordem cósmica. Mas o Deus verdadeiro, além de libertar Seu povo, pretendia ainda trazer severo juízo tanto sobre a multidão de divindades que existia no Egito quanto sobre o próprio faraó-deus. Para alcançar estes propósitos o SENHOR decidiu trazer uma série de pragas cujo propósito era provar, acima de tudo, quem realmente estava em pleno controle de todas as coisas. As pragas acabaram por demonstrar tanto a superioridade quanto a majestade de - YHVH[3] - palavra que significa o Eterno, o Deus dos israelitas[4]. A saída do povo de Israel do Egito sob Moisés marcou o nascimento da nação de Israel como que tendo sido forjada na fornalha de fogo que o Egito representava - ver Deuteronômio 4:20. Deus conduziu Seu povo até o monte Sinai, também chamado de monte Horebe e, ali celebrou uma aliança com eles - ver êxodo 19:4 - 6. Juntamente com a aliança o povo recebeu de Deus um conjunto completo de Leis que deveriam regular o relacionamento do povo com Deus bem como o relacionamento que deveria existir entre os membros do povo de Deus entre si.

De maneira surpreendente o povo de Israel rejeitou a aliança com Deus e se recusou a entrar na terra prometida temendo o que lhe poderia acontecer. A viagem de Horebe até Cades levou 11 dias. De Cades até a terra de Canaã não seriam necessárias mais do que 2 semanas. Mas o povo preferiu não se arriscar em flagrante desobediência a Deus. Tal ato foi a demonstração mais explícita de falta de fé e de confiança em Deus. Israel, a nova nação, rejeitou a aliança de Deus no deserto e recusou-se a entrar na terra prometida.O resultado? O povo de Israel teve que vagar pelo deserto por 40 anos até que toda aquela geração de incrédulos perecesse - ver Deuteronômio 2:14. Finalmente, quando estavam para entrar na terra prometida, nas planícies de Moabe no lado oeste do Jordão em frente a Jericó, Deus recolheu a Moisés o qual não pode entrar na terra prometida - ver Números 27:12 - 13. O povo passou a ser liderado por Josué. Sob sua liderança Israel conquistou a terra prometida e assentou-se nela. Assim foram cumpridas as promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó.

O estabelecimento de datas precisas continua a representar uma dificuldade considerável. Todavia podemos, usando a latitude disponível, dizer que o êxodo dos israelitas do Egito aconteceu em algum momento durante a época do Novo Império da história do Egito. A data do êxodo do Egito foi fixada pelos estudiosos em dois momentos possíveis - 1446 a.C. e 1275 a.C. aproximadamente. Um dos maiores problemas nesta discussão tem a ver com a incapacidade dos historiadores de estabelecer quem era exatamente o faraó mencionado no livro do Êxodo. Opiniões variam entre Tutmose III ou Amenotep II, ambos da décima oitava dinastia para aqueles que defendem a data mais antiga. Os que aceitam a data mais recente insistem que o faraó não era outro senão Ramsés II da décima nona dinastia. A dificuldade dos historiadores, todavia, não deve nos levar a pensar, de maneira equivocada, que a narrativa do livro do Êxodo seja lendária. Existem elementos históricos suficientes no livro do Êxodo que fazem referências diretas tanto a práticas quanto a costumes que são plenamente compatíveis com aqueles registrados em outros povo e culturas durante a Nova Idade do Bronze.

C. A Nação de Israel.

Os historiadores não conseguem determinar exatamente porque as duas maiores potências que existiam por volta de 1200 a.C., os egípcios e os hititas, subitamente entraram em declínio. Junto com este declínio ocorreram mudanças de grande importância em todo o antigo Oriente Próximo. Alguns especulam que o declínio estaria relacionado com todas as mudanças provocadas pela queda de Tróia - por volta de 1250 a.C., e a subseqüente queda de todas as cidades de Micenas na Grécia continental. Como os gregos eram, de forma geral, excelentes marinheiros, é bastante provável que muitos sobreviventes destas batalhas tenham fugido, se espalhando por toda costa do Mediterrâneo. Esta situação acabou por provocar uma onda que culminou com o desequilíbrio das maiores potências do mundo antigo. Registros históricos daquela época fazem inúmeras referências ao fato de que aqueles estrangeiros eram chamados coletivamente de "povos do mar". Um desses povos do mar é mencionado em algumas fontes egípcias como "Pelesets". Estes indivíduos chamados "Pelesets" acabaram se assentando no sudoeste das planícies costeiras da Síria-Palestina. Estes são os mesmos povos que durante os dias do Antigo Testamento são conhecidos como "filisteus". De acordo com os arqueologistas, o termo "Pelesets" é também o termo que deu origem à palavra "Palestina"[5].

Do ponto de vista do estudo do Antigo Testamento, dentre todas as muitas mudanças que ocorreram com a chegada dos povos do mar no antigo Oriente Próximo, existem duas que são de especial significado para nós:
  • A primeira diz respeito ao enorme vazio no poder causado pela abolição da ordem política que havia existido durante mais de trezentos anos. As campanhas militares internacionais de povos como os hititas e os egípcios foram substituídas por lutas locais e por conflitos regionais. Surgiram então alguns novos grupos étnicos que preencheram o vazio no poder. Estes grupos acabaram formando pequenos impérios. Dentre estes nós podemos destacar os arameus de Damasco e os israelitas que se fixaram nas terras altas da palestina.
  • A segunda mudança resultante da chegada dos povos do mar foi a difusão de novas tecnologias para trabalhar com os metais, especialmente o uso do ferro para confeccionar armas. Não sabemos com exatidão qual grupo inventou a tecnologia do ferro e utilizou-a para fazer armas. Pela leitura do Antigo Testamento fica claro que os filisteus tinham a dianteira nas batalhas com os israelitas por causa da superioridade tecnológica no uso de metais e o monopólio do ferro - ver 1 Samuel 13:19 - 22. A descoberta da tecnologia do uso do ferro foi tão significativa que os historiadores passaram a chamar aquele período da história humana de: Idade do Ferro.
Resumindo podemos dizer que o período conhecido como Primeira Idade do Ferro - entre 1200 a 930 a.C. - é aquele que começou com a invasão dos povos do mar o que, por sua vez, causou o declínio dos grandes impérios daqueles dias abrindo um vazio no poder de tal forma que toda a organização política de todo o Oriente Próximo foi alterada.

D. Josué Invade a Palestina.

A invasão da Palestina pelos israelitas sob o comando de Josué não pode ser entendida sem que façamos referências diretas a dois eventos importantes da História Antiga da humanidade:
  • A primeira referência tem a ver com a genealogia do neto de Noé cujo nome era Canaã. Em Gênesis 9:15 - 19 nós lemos o seguinte: "Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete, e aos jebuseus, aos amorreus, aos girgaseus, aos heveus, aos arqueus, aos sineus, aos arvadeus, aos zemareus e aos hamateus; e depois se espalharam as famílias dos cananeus. E o limite dos cananeus foi desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa". Como fica evidente foram estes povos os que habitaram a região da terra de Canaã. Estes povos, como todos os povos em geral, afrontavam sem cessar o Deus Eterno. A Bíblia nos ensina que absolutamente nada passa despercebido diante de Deus. Também somos ensinados de que temos que prestar contas de todos os nossos atos - ver Hebreus 4:13.
  • A segunda diz respeito ao momento quando Deus chamou a Abrão e prometeu lhe dar a terra de Canaã, sendo que a mesma estava ocupada pelos povos mencionados no item anterior. Iria Deus apena desalojar aqueles povos para fazer habitar ali a descendência de Abrão? Absolutamente não. Quando Deus faz a aliança com Abrão para lhe dar a terra de Canaã, Ele declara de forma específica o seguinte: "Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente - o Egito - a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas. E tu irás para os teus pais em paz; serás sepultado em ditosa velhice. Na quarta geração, tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus - Gênesis 15:13 - 16". Note que um período considerável de tempo teria que passar - 500 anos aproximadamente - até que a medida da iniqüidade dos amorreus estivesse completada para que Deus exercesse severo juízo sobre aqueles povos. Assim, em um e mesmo momento histórico, o Deus Eterno executa juízo sobre os amorreus ao mesmo tempo em que cumpre a promessa feita a Abrão séculos antes.
Foi perto do final da Nova Idade do Bronze - entre 1550 a 1200 a.C - que Josué e os israelitas tomaram Canaã e assentaram-se nas terras altas centrais. Durante os dois primeiros séculos da conquista israelita, a nação de Israel era composta por uma confederação informal de 12 tribos, uma para cada um dos filhos de Jacó[6]. Durante este período - de 1250 a 1050 a.C. - os líderes surgiam entre pessoas comuns do povo, alguns com grande relutância - ver Juízes 6:11 - 15 - e governavam apenas de forma temporária e somente em determinadas situações. Estes homens e mulheres foram chamados de "juízes", e eram capacitados e ordenados por Deus para consolidar tanto as forças quanto os recursos das tribos durante os tempos de crise nacional ou regional. Os ataques militares recorrentes contra Israel vinham dos vizinhos ao redor, mas, especialmente, dos filisteus a sudoeste. Estes ataques constantes tornaram-se em motivo de grande frustração entre os israelitas e, apesar do fato de que um governo centralizado não era realmente necessário, os israelitas começaram a querer, então, um rei para manter um exército que assegurasse a segurança no futuro - ver 1 Samuel 8:10 - 22.

E. O Reino Unido.

Este é o motivo histórico que justifica o surgimento da monarquia israelita. Outros motivos foram as pressões culturais que são literalmente explicitadas em 1 Samuel 8:19b - 20, onde lemos: "... teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações; o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras".

O homem levantado por Deus para agir como "juiz" durante este período de transição para a monarquia foi Samuel que também foi chamado de profeta. Sob a direção de Deus, Samuel ungiu a Saul, da tribo de Benjamim, como o primeiro rei sobre todo Israel. Saul, infelizmente, revelou-se um verdadeiro desastre, principalmente porque não se submeteu à vontade do Deus que o ungira rei de Israel. O resultado desta insubmissão foi que Saul foi rejeitado e com isto sua própria descendência ficou impedida de formar uma dinastia. Se existe algo para aprender e que sirva para a nossa edificação através do estudo da vida de Saul é a importância de mantermos, de forma constante, nosso relacionamento com Deus em submissão à Sua vontade revelada. Essa é a nossa obrigação de número um.

Com a derrocada de Saul, o próprio Deus instruiu o profeta Samuel que ungisse outro homem como rei sobre Israel. De acordo com 1 Samuel 13:14 este homem era alguém que "agradava ao Senhor". Davi, filho de Jesse, da tribo de Judá, era este homem.

O reinado de Davi foi marcado pela vitória definitiva sobre os filisteus. Com isto o povo de Israel, finalmente alcançou certo grau de segurança e paz. Davi forneceu a base para que o reinado do seu sucessor, Salomão, viesse a se tornar uma "era dourada" do povo de Israel. Estabilidade, paz e prosperidade foram as marcas dos reinos de Davi e Salomão. Davi conseguiu unificar as tribos de Israel e ofereceu, em troca de apoio militar, liberdade econômica e política. Com Davi temos o início da mais longa dinastia a governar sobre a região da Palestina.

O reinado de Salomão viu a expansão das fronteiras atingirem o que fora prometido a Abrão - ver Gênesis 15:18. Sob Salomão as fronteiras da nação de Israel atingiram o Eufrates, ao norte, e até o Egito, ao sul. Talvez o reinado de Salomão, seja o único período da história de Israel que possa ser classificado como "Império". O longo período de paz experimentado por Salomão permitiu, através, do comércio internacional, que ele trouxesse e acumulasse grande riqueza na terra de Israel. Este foi o período mais próspero da nação. Além de riqueza e de paz com os povo ao redor, Deus deu a Salomão sabedoria sobre todas as questões, incluindo sua capacidade de governar e julgar o povo com justiça e retidão. Pela primeira vez Israel começava a lançar os olhos para além do seu próprio território entendendo melhor como o mundo funcionava. A corte israelense cresceu e passou a envolver-se mais com as questões e os assuntos de Estado. A imagem de Salomão foi projetada como um líder hábil e sábio por toda a circunvizinhança.

De todos os privilégios que Salomão pode desfrutar, nenhum pode se comparar com o de construir o Templo de Deus em Jerusalém. Por mais que Davi desejasse fazê-lo tal privilégio coube a Salomão.
De acordo com 1 Reis 4:25 os reinados de Saul, Davi e Salomão ou a "monarquia unificada" serão sempre lembrados como tempos ideais de paz e prosperidade.

Infelizmente este período acabou com a morte de Salomão. Já antes de morrer, Salomão havia se afastado de Deus, da mesma maneira como Saul fizera antes dele: "Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai - 1 Reis 11:4. Após a morte de Salomão o reino foi dividido em duas nações mais fracas: Israel, ao norte e composto de 10 tribos, e Judá, ao Sul composto pelas tribos de Judá e Benjamim. Este período é chamado de "monarquia dividida".

F. O Reino Dividido.

A divisão do reino foi política, mas teve grandes implicações religiosas. O primeiro rei de Israel foi Jeroboão. Tendo proibido seus súditos de subirem até Jerusalém para adorar, o novo rei contribuiu de forma direta para que o reino do norte ou Israel caísse rapidamente em apostasia religiosa. O uso da religião para fins políticos no reino de Israel acabou por abolir, por completo, as práticas de adoração do Deus Eterno, como haviam sido herdadas de Moisés. À medida que o tempo passava tornava-se cada vez mais intenso o uso da religião com fins políticos. O rei Onri e seu filho Acabe que eram homens incrédulos e ímpios acabaram por misturar a adoração do Deus Eterno com o baalismo cananita numa série de tentativas de ganhar maior controle político. Além disto, o reino do norte sofria também com grande instabilidade política. Sua breve duração - entre 931 a 722 a.C - viu a ascensão e a queda de dezenove reis, de nove dinastias diferentes. Todos eles, sem nenhuma exceção, fizeram o que era mau diante do SENHOR. Em 722 a.C., a capital do reino do norte, Samaria, foi conquistada pelos assírios e o reino foi extinto.

Enquanto isto, o reino de Judá, o reino do Sul, continuou a ser governado por uma família real da dinastia de Davi, durante quase 350 anos - entre 931 a 587 a.C. O fato de ser um reino menor tanto em área física quanto em termos populacionais permitiu o reino de Judá manter a estabilidade política. Mas tal estabilidade não impediu a queda em profunda apostasia religiosa. Tal apostasia foi marcada por movimentos reformadores aqui e ali, mas acabou prevalecendo sobre todo o reino do sul à medida que os anos se passavam. Muitos dos reis de Judá eram fiéis ao Senhor e se esforçavam para manter a pureza religiosa. Durante o início do "reino dividido" os reis de Judá procuraram manter sua devoção ao Deus Eterno. Depois da destruição do reino de Israel - 722 a.C. - o reino de Judá, ao sul, foi marcado por uma alternância de reis bons e maus. A apostasia atingiu a níveis insuportáveis - ver de modo especial o livro do profeta Isaías - a ponto de Deus levantar os Babilônios para que viessem e destruíssem por completo o reino de Judá em uma campanha que durou aproximadamente 10 anos - de 605 - 595 a.C.

O período do "reino dividido" é coberto pela época que os arqueólogos chamam de Segunda Idade do Ferro - aproximadamente entre 930 a 539 a.C. Esta é a mesma época em que o Egito procurava se reafirmar como potência mundial. Tal propósito não foi alcançado, exceto por um breve momento na virada do século 6° a.C. - durante a vigésima sexta dinastia. Os fatos mais marcantes da chamada Segunda Idade do Ferro foram a ascensão e a queda dos novos impérios da Mesopotâmia.

O Surgimento do Império Assírio no norte da Mesopotâmia ao longo das margens do rio Tigre, representou o primeiro grande acontecimento da Segunda Idade do Ferro. O Império Assírio firmou-se por volta do século 9° a.C., e tornou-se uma potência militar considerável que acabou por dominar toda a história do antigo Oriente Próximo durante dois séculos. Sua expansão imperialista teve um impacto direto sobre a política da Síria-Palestina. O império assírio enfrentou um longo período de enfraquecimento e de fragilidade interna durante a primeira metade do século 8° a.C. Foi este enfraquecimento, temporário, que permitiu os longos e prósperos reinados de Jeroboão II em Israel - entre 793 a 753 a.C., e de Uzias em Judá - entre 792 a 749 a.C. - conforme o registro do Antigo Testamento. Mas sucesso político e econômico nunca foram sinais da aprovação de Deus. Os longos reinados de Jeroboão II - 40 anos - e de Uzias - 43 anos - foram marcados por graves injustiças sociais e por uma profunda decomposição moral que consumiram a alma de Israel e Judá. O Antigo Testamento registra este período de decadência espiritual e moral, especialmente através dos profetas Oséias e Amós enviados para o reino de Israel e dos profetas Isaías e Miquéias enviados para o reino de Judá. Estes profetas denunciaram de maneira corajosa a impiedade e chamaram o povo ao arrependimento. Eles também advertiram acerca da graves conseqüências que viriam sobre as duas nações impenitentes caso não ouvissem a voz de Deus e desprezassem a oferta de arrependimento e de reforma de vida.

Como mencionamos acima, a fraqueza da Assíria foi apenas uma pausa temporária em sua expansão imperialista. O período coberto pela primeira metade do século 8° a.C. foi apenas a calmaria antes da tempestade. A ascensão de Tiglate-Pileser III em 745 a.C restaurou à Assíria a sua força anterior. Como tal, o império assírio estava pronto para ser usado como o instrumento da justiça de Deus contra o rebelde reino de Israel. Durante 20 anos - de 745 a 725 a.C - o reino de Israel oscilou entre o pagamento de pesados tributos aos assírios e rebeliões contra eles. Foi Salmaneser V, filho de Tiglate-Pileser, quem acabou montando um cerco em torno de Samaria, a capital de Israel em 725 a.C. Três anos depois, em 722 a.C., o cerco cumpriu seu papel e o reino do norte, Israel, caiu e foi anexado como uma província do imenso império assírio.

O próximo alvo dos assírios era, naturalmente, o reino de Judá mais ao sul. Durante cerca de cem anos o reino de Judá também teve que lidar, de várias formas, com a ameaça assíria. Posturas políticas no reino de Judá, no que dizia respeito aos assírios, mudavam de acordo com que estivesse ocupando o trono. O rei Ezequias era anti-assírio, mas seu filho Manassés adotou uma política pró-assíria. Durante o século 7° a.C., a Assíria chegou ao ápice de seu poder imperial. O Império Assírio tornou-se, de fato, o primeiro império mundial. Este foi apenas o primeiro de uma série de outros impérios a ter por base a Mesopotâmia - Assíria, Babilônia e Pérsia. Estes três e nesta ordem foram os primeiros impérios mundiais antes que o poder mudasse para o oeste - Grécia e Roma. Sob a liderança dos reis do início do século 7° a.C. - Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal - os assírios conseguiram derrotar seus inimigos tradicionais ao norte - o povo de Ur. Foi neste período também que os assírios chegaram a capturar o distante Egito em 663 a.C. Durante todo este período, todavia, a Assíria enfrentava uma amolação constante representada pelos caldeus do sul da Babilônia. Este povo foi se tornando, de forma gradativa, cada vez mais rebelde e difícil de conter. Por fim, os babilônios tornaram-se completamente independente dos assírios e acabaram por tomar o lugar destes.

Foi Nabopolassar quem deu início à derrocada do império assírio. Por sua vez o filho mais famoso de Nabopolassar, Nabucodonosor II, acabou por consolidar a Babilônia como o próximo império mundial. Nabucodonosor teve um reinado longo. Durante os quarenta e três anos do reinado de Nabucodonosor - entre 605 a 562 a.C., a Babilônia alcançou o topo do poder econômico e político, em um período que os historiadores chamam de Período Neobabilônico. Com a Assíria fora do quadro, o reino de Judá teve que passar a lidar com o novo Império Babilônico. Judá assumiu duas formas básicas de tratar com as aspirações imperiais da Babilônia. Esta duas abordagens eram devidas ao fato de que alguns dos habitantes eram a favor da rebelião contra a babilônia, firmados na confiança patética em um Egito enfraquecido e que era chamado de "esse bordão de cana esmagada" pelo profeta Isaías - ver Isaías 36:6. Outros por sua vez, como era o caso do próprio profeta Jeremias, exortavam Israel para que se submetesse como estado-vassalo da Babilônia. As várias rebeliões de Judá foram sempre confrontadas militarmente pelos babilônios. Por fim, em 597 a.C., Nabucodonosor liquidou uma rebelião de Judá capturando Jerusalém. Ele acabou por levar o rei Jeoaquim para o exílio na Babilônia, junto com vários outros cidadãos de Jerusalém, inclusive o profeta Ezequiel. Outra rebelião, agora sob o reinado de Zedequias, resultou na destruição total de Jerusalém em 587 a.C.

A ação dos babilônios precisa ser melhor apreciada por aqueles interessados em estudar o Antigo Testamento: Os babilônios:
  • Destruíram a cidade de Jerusalém.
  • Deportaram a maior parte da população.
  • Demoliram o Templo de Deus.
  • Deram fim à dinastia davídica.
Todos estes fatores, mas especialmente a demolição do Templo e o fim da dinastia davídica, acabaram por se transformar em acontecimentos dominantes e formativos da história do Antigo Testamento. Alguns judeus retornaram do cativeiro babilônico sob a liderança de Zorobabel, de Esdras e de Neemias. A experiência do cativeiro e da destruição da cidade de Jerusalém e do Templo, aliada ao novo fato de que apenas uma minoria dentre os desterrados desejou voltar para a terra natal, fez com que o povo de Israel repensasse seus antigos pressupostos teológicos e tornou necessária uma reformulação das convicções religiosas anteriores, especialmente aquelas que diziam respeito à natureza da aliança com Deus. Estes fatos fizeram o pano de fundo para algumas das mais significativas figuras proféticas do reino de Judá: Jeremias, Habacuque, Ezequiel, Sofonias, Zacarias e Malaquias.

G. O Exílio e a Restauração de Israel: Esdras e Neemias.

Do ponto de vista arqueológico, a última era do Antigo Testamento é o período coberto pela chamada Idade Persa - entre 539 a 332 a.C. Esta era ficou também conhecida como a Terceira Idade do Ferro.

O Império Persa teve seu início com a ascensão do soberano Ciro. A extensão física do império persa - medo persa para alguns historiadores - foi uma das maiores do mundo antigo. O império se estendia das ilhas do Mar Egeu e do rio Nilo até alcançar todo o antigo Oriente Próximo estendendo-se a partir daí até o vale do rio Indu. O período de domínio do Império Persa durou cerca de dois séculos. Foi Alexandre, o Grande da Macedônia, quem conquistou a Pérsia por volta de 330 a.C. e terminou com a série de impérios que tiveram por base a Mesopotâmia.

Ciro manteve uma política de dominação diferente daquelas estabelecidas por assírios e babilônios. Estes lidavam com os povos dominados desterrando-os para outras terras. Esta política visava enfraquecer o desejo de revolta, porque ao misturar, em um determinado lugar, povos de etnias e de culturas diferentes, criava uma dificuldade natural para o desenvolvimento de uma unidade mínima. Ciro, por sua vez, desejava agradar tanto os povos dominados como suas respectivas divindades, porque acreditava que a melhor maneira de manter seus domínios era através do desenvolvimento de uma política de tolerância e benevolência, em vez de crueldade e brutalidade. Foi exatamente esta política que levou ao fim do exílio dos judeus nas terras da Babilônia. Ciro declarou extinto o cativeiro de todos os povos e permitiu que os cativos, que assim quisessem, pudessem voltar às suas terras de origem. Os que decidissem retornar tinham autorização para estabelecer um governo próprio que deveria funcionar dentro da estrutura do Império Persa. Toda esta mudança de atitude foi interpretada pelo Antigo Testamento como sendo o cumprimento das profecias de Jeremias - ver 2 Crônicas 36:22 - 23 e Esdras 1:1 - 4.

Após a dissolução do Império Babilônico por Ciro podemos observar três deslocamentos distintos de judeus em direção à Palestina. O desejo destes judeus era construir a cidade de Jerusalém bem como o Templo e recomeçar, de alguma, maneira a vida nacional:
  • O primeiro grupo veio sob liderança política de Zorobabel e a liderança religiosa do sacerdote Jesua - ver Esdras 1 - 6. O povo que retornou nesta primeira leva empenhou-se em reconstruir o Templo em meio à dura oposição. Além disso eles tiveram que lutar contra o desânimo e uma enorme falta de recursos. Durante este período, Deus levantou os profetas Ageu e Zacarias para admoestar e exortar o povo a prosseguir com a obra. O segundo Templo foi finalmente foi terminado em 515 a.C.
  • A segunda leva veio sob a liderança de Esdras, o sacerdote e escriba. Esta expedição aconteceu durante o ano de 458 a.C. - ver Esdras 7 - 10. Esdras tinha uma visão bastante abrangente da situação e sua preocupação ia muito além de reconstruir o país materialmente. Ele estava também preocupado com o bem-estar social e espiritual do povo.
  • O terceiro grupo veio sob a liderança de Neemias em 445 a.C. - ver Neemias 1 - 13. Neemias, como vários outros judeus, era um exilado que havia chegado a ocupar um alto cargo na corte real persa. Neemias entendia que sua missão prioritária tinha a ver com a reconstrução dos muros de Jerusalém. Seu propósito era poder oferecer uma maior segurança aos habitantes da santa cidade. Uma vez que os muros estavam completados e a segurança da cidade garantida, Neemias acabou ficando na cidade como governador da província persa que englobava a cidade de Jerusalém.
Assim chegamos ao final da história com narrada pelo Antigo Testamento[7]. Depois da destruição do reino de Israel e do cativeiro babilônico do reino de Judá, nós vamos encontrar o povo de Deus novamente de volta à sua terra. Vamos encontrar também a cidade de Jerusalém e o Templo reconstruídos e a adoração a Deus retomada. Todavia, precisamos entender que não se trata mais nem de uma Teocracia como no início da nação de Israel, nem mesmo de um reino onde o trono estava sendo ocupado por um dos descendentes de Davi. O Antigo Testamento termina, do ponto de vista profético, com a promessa de que o próprio Deus visitaria Seu povo, em outro momento, para restaurá-lo. Nesta mesma ocasião o profeta Malaquias faz menção de um ministério de restauração que deveria preceder a manifestação do próprio Senhor:

Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros. Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao SENHOR justas ofertas. Então, a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos e como nos primeiros anos. Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos. Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos - Malaquias 3:1 - 6.Fonte:www.jesussite.com

OS SOFISMAS DA FÉ PÓS-MODERNA


Os sofismas da “fé” pós-moderna
Autor: Edson Camargo
Fonte: Blog Profeta Urbano
09/10/2009

Desde os filósofos pré-socráticos se fala nas limitações do conhecimento humano. Mas o Jorge Camargo, que nada entende de Teoria do Conhecimento, endossa o parecer errado do Brian McLaren: “A pós-modernidade não relativiza o que é absoluto. Apenas admite que, diante do absoluto, nossas interpretações serão sempre relativas!” Que Brian McLaren não entende nada de cristianismo, eu já sabia. A novidade aí está: ele também não sabe nada da filosofia (se é que pode ser assim chamada) dita pós-moderna. Quem conhece minimamente a obra de um baluarte do pós-modernismo como Michel Foucault sabe que para ele a verdade é apenas um discurso de poder, é a fala dos mais poderosos, que criam um “regime de verdade”.

Outro ícone dessa turba da sofistas, Jacques Derrida, afirmava que nenhum texto tem sentido objetivo, unívoco, e nele não há sentido absoluto capaz de transcender e ter o mesmo significado em contextos culturais distintos. Não é preciso pensar muito e aplicar esse método hermenêutico aos próprios postulados de Derrida e notar que estes sim, não fazem o menor sentido.

Portanto, chamar esse tipo de asneira com o pomposo nome de “filosofia pós-moderna” é coisa de caipirões que consideram Brian McLaren referência para alguma coisa, como Jorge Camargo e René Padilla, o “pai” da tal “Missão Integral”, que nas primeiras páginas do seu livro “O que é Missão Integral?” cita McLaren. Por aí se vê as intenções de Padilla. Ou alguém aí pensa que está comprometido com a pureza do Evangelho um autor que cita (sem ressalvas) alguém que não vê a cruz de Cristo como o sacrifício expiatório definitivo para a salvação daquele que crê, mas sim como “propaganda enganosa” da fé cristã, e nem acredita na existência do inferno? É o caso de McLaren. Pense comigo: além das Sagradas Escrituras, inerrantes, infalíveis e suficientes, temos dois milênios de história do cristianismo, com seus mártires, heróis, teólogos, filósofos e pregadores apaixonados. E essas figuras escolhem justamente Brian McLaren para falar de fé, da igreja, e outros assuntos.

Sempre lembrando que Foucault e Derrida são ídolos da esquerda acadêmica. E a versão “gospel” do seus lacaios aí estão, com seus artigos na revista Ultimato.

Aí vem o Élben L. Cezar com aquele chororô: “a revista não flerta com o liberalismo teológico” e “não, a Ultimato não é de esquerda”. Esse povo tem uma dificuldade em se assumir... Porém, por mais que não sejam muito chegados no princípio epistemológico da não-contradição, a Bíblia é clara: “Seja seu sim, sim, e seu não, não, e o que passar disso, vem do maligno”. Para o esquerdistas e pós-modernos, isso é puro diletantismo, pura coerção. Para os que crêem na Palavra, ela é o poder de Deus.

Finalizo com vídeo com Brian McLaren se enlameando em heresias (em inglês). Não sem deixar um breve recado do apóstolo João, direto da Bíblia:

“Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo. Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão.Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho”. (2 João 1:7,8,9)


Enviado por: Julio SeveroFonte: www.jesussite.com